VOTO DISTRITAL COM RECALL
A quem não interessa? A todos os políticos de plantão, aos empregados não
concursados (são milhares nos cargos de confiança), aos assessores e aspones dos
políticos, aos parentes dos políticos, as namoradas e amantes, e a todos os
políticos profissionais que fazem da política um meio de se servirem dela ao
invés de servirem aos eleitores que os elegeram e os sustentam. Exceção feita ao
jornalista Fernão Lara Mesquita (14/8, A2), raramente, para não dizer nunca,
vejo matéria na imprensa abordando, esclarecendo ou mesmo debatendo o tema, e
como bem disse o leitor Carlos de Oliveira Avila (que não conheço, mas concordo
com suas colocações) na edição do "Fórum dos Leitores" de 15/8, falta informação
sobre a importância desse sistema, uma arma poderosa e mortífera na mão dos
eleitores contra, não só os maus políticos, mas também contra os que não
trabalharem em sintonia fina com quem os elegeu. Numa relação bem simples, não
interessa aos mais de 80 senadores e seus suplentes, aos mais de 500 deputados e
suplentes, aos mais de quase 5.500 prefeitos e vices, aos mais de 60 mil
vereadores e suplentes e por aí vai. Mas o que parece ser uma grande lista de
não interessados, ela é quase nada se compararmos a lista de mais de 140 milhões
de eleitores que podem e devem ser informados sobre todas as vantagens e
desvantagens do voto distrital, mas com recall (cartão vermelho nas mãos dos
eleitores), para assim melhor poderem avaliar e apoiarem ou não esse sistema.
Qual outro sistema que coloca um patrão (os eleitores, aliás os melhores patrões
para a classe política) a não só fiscalizar com eficiência e eficácia
permanentemente o trabalho e a conduta dos eleitos, mas também coloca o poder de
a qualquer momento substituir quem não está trabalhando de acordo com o que foi
combinado? Ou há alguém que possa dizer que eles não precisam de um bom patrão?
E nada mais justo, pois se somos obrigados a votar e obrigados a pagar os
salários dessa turma, afinal se nós que os elegemos e nós que os pagamos com o
dinheiro extraído dos nossos bolsos, a custa do suor do nosso trabalho, por qual
razão não podemos exercer a função de sermos o patrão deles? Entre outras
vantagens, teríamos um sistema eleitoral muito mais barato que o atual, que é um
dos mais caros do mundo, mas falar em redução de despesas com os nossos
representantes não é tarefa das mais agradáveis, não temos nem como nos
comunicar com eles e nem os conhecemos, apenas para exemplificar, ainda tem
muita gente que acha que a propaganda eleitoral no rádio e na TV é gratuita,
desconhecendo o que vem a ser renúncia fiscal. Como bem diz Fernão Lara em seus
artigos, o voto distrital com recall é a reforma que inclui todas as reformas
reclamadas pela sofrida população, o problema é como esclarecer e informar os
eleitores sobre os seus benefícios. Talvez as mídias sociais sejam um bom
caminho para tanto, mas, quem puder, informe ao maior número de pessoas de seu
relacionamento, já é um bom começo. Para quem não leu o artigo, transcrevo um
trecho que dá uma boa ideia das vantagens do voto distrital com recall: "A
eleição tem de se tornar distrital apenas para abrir a possibilidade do recall.
Para permitir que o avião vá sendo consertado enquanto voa. Com cada candidato
concorrendo pelos votos de apenas um distrito o jogo da representação fica
claro". Eu e meus companheiros de distrito eleitoral demos a este determinado
senhor um mandato condicional para nos representar (no Congresso, na Assembleia
Legislativa, na Câmara Municipal); eu e meus companheiros de distrito podemos
retirar esse mandato a qualquer momento sem que o resto do sistema seja afetado.
Temos, todos, principalmente quem tem acesso aos meios de comunicação, a
obrigação de divulgar, de debater o sistema de eleição pelo voto distrital com
recall, digo com propriedade e deixo uma sugestão, façam uma experiência com as
pessoas conhecidas e perguntem a elas sobre o que acham do recall no voto
distrital e depois concluam se falta ou não informação. A própria mídia impressa
que abre espaços para artigos de políticos em atividade que pouco ou nada
acrescentam de utilidade, a não ser para eles mesmos, cito como exemplos artigos
publicados no "Estadão", do qual sou assinante há mais de 40 anos, artigos
outrora do Sr. José Genoino, atualmente do Sr. José Serra, bem como na "Folha de
S.Paulo", que até pouco tempo tinha uma coluna semanal publicada pelo Sr. José
Sarney, poderia utilizar melhor esses espaços para debater e informar sobre o
sistema eleitoral do voto distrital com recall.
Gilberto de Oliveira Maricato
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